No final do ano, em um sábado há poucas semanas do Natal, fiquei 30 minutos preso em uma fila de carros para sair do estacionamento de um shopping. Motivos à parte, as pessoas começaram a buzinar depois de uns 10 minutos. Achei que demorou até, considerando o que já vi anteriormente. Porém, ficou ensurdecedor depois de ter começado. Pais tapavam os ouvidos de seus pequenos enquanto caminhavam pelo estacionamento.

Minha esposa, então, sugeriu: “E se você buzinasse ‘Tã-tã-tã-tã-tã’ e esperasse ver se alguém completa com ‘Tã-tã’?”

[A melodia — ou ritmo — é o que vemos no filme do Roger Rabbit quando o Christopher Lloyd quer provocar o coelho a sair de trás da parede.*]

Esperei uma pequena pausa no buzinaço e puxei algumas vezes a buzina que convidava os outros carros a completarem.

“Se vai buzinar, que seja pra se divertir, né?” ela comentou comigo.

E não demorou para que: 1) os carros parassem de buzinar continuamente de forma irritante e barulhenta em um lugar com mais eco que meu banheiro 2) alguns completassem a brincadeira sugerida por mim, inibindo a ‘buzina reclamação’, dando lugar a diversos carros de gente grande para que se transformassem em crianças com seus brinquedos 3) outros carros também começassem a puxar o ritmo, no que eu pude também completar a brincadeira e sair às gargalhadas de um trânsito de 30 minutos, em vez de estressado e odiando a humanidade.

Obrigado, Carol, pela graça alcançada.

* A música chama-se “Shave-and-a-Haircut”: http://youtu.be/VgPiIpboxt0?t=17s